Segundo Lehmkuhl e Smith (1987) a cinesiologia surgiu e desenvolveu-se a partir da fascinação dos seres humanos pelo comportamento motor animal. Questões levantadas pelos estudiosos tais como a maneira pela qual o homem anda, ou ainda como nada um peixe, como um pássaro voa ou até quais são os limites da força muscular, levaram o homem a criar e desenvolver a ciência do movimento humano, desde já chamada de cinesiologia. Esta relação homem-mundo animal observada nas origens da cinesiologia demonstra sua íntima relação com outra disciplina que faz referências ao homem e seu comportamento no meio animal: a antropologia. Aristóteles (384-322, a.C), que é considerado o "pai da cinesiologia", realizou seus estudos baseado em observações práticas dos animais em seu ambiente natural. Destas observações foram retirados conceitos que descreviam a ação dos músculos, sendo que nesta descrição os músculos estavam submetidos auma análise geométrica (RASCH & BURKE, 1977). Posteriormente surgiu Arquimedes (287-212 a.C) e os seus princípios hidrostáticos que explicam a maneira pelo qual os corpos flutuam; tais princípios são ainda hoje a fundamentação teórica na qual se baseiam os estudiosos da cinesiologia da natação, e entre as suas considerações observam-se descrições a respeito das leis das alavancas e do centro de gravidade. Galeno (131-202 d.C), apesar de pouco conhecido, foi quem deu o "ponta-pé" inicial para o entendimento dos movimentos humanos como resultado da contração dos músculos, o que pode-se considerar como uma descoberta magnífica para a evolução da cinesiologia. Infelizmente depois de seus estudos ocorreu um período de estabilização no processo de desenvolvimento da cinesiologia, período este que durou mais de 1000 anos e que se encerrou somente quando Leonardo da Vinci (1452-1519) realizou novos estudos a respeito do corpo humano. Sobre estes estudos RASCH & BURKE (1977) nos fala que:
(...) "Da Vinci era particularmente interessado na estrutura do corpo humano em relação com o movimento e na relação existente entre o centro de gravidade, o equilíbrio e o centro de resistência. Descreveu a mecânica do corpo na atitude ereta, a marcha na descida e na subida, no erguer-se de uma posição sentada, e no salto" (...) (p.2).
Por este pequeno trecho de palavras podemos observar a importância que Da Vinci trouxe para a evolução da cinesiologia, uma vez que foi ele o primeiro a registrar dados científicos na marcha humana assim como também demonstrou o comportamento dos músculos durante o movimento, observando a ação e interação progressiva de vários músculos para que um movimento fosse realizado. Posteriormente a Da Vinci surge Galileu Galilei (1564-1463) com suas idéias "revolucionárias" cujos princípios consistiam na observação do movimento humano sob uma base de conceitos matemáticos preestabelecidos, onde descrevia, por exemplo, as correlações aceleração-peso do corpo e espaço-tempo-velocidade como elementos importantes no estudo do movimento humano; foi a partir de seu trabalho que a cinesiologia foi impulsionada para ser reconhecida como uma ciência propriamente dita. Após Galileu outros estudiosos também se destacaram no estudo do movimento humano, tais como Alfonso Borelli (1608-1679), Giorgio Baglivi (1668-1706), Niels Stensen (1648-1686) e Nicolas Andry (1658-1742), mas foi com Isaac Newton (1642-1727) que, indiretamente, a cinesiologia recebeu uma grande contribuição para avançar e chegar no estágio em que se encontra atualmente. Com a publicação das três leis de repouso e movimento ( lei da inércia, lei do movimento e lei da interação ) pôde-se estudar o movimento observando suas alterações perante uma força que o influenciava. Esta interferência de grandezas físicas sobre o movimento humano demonstra mais uma relação da cinesiologia com outra disciplina, sendo que agora a relação observada é entre a cinesiologia e a mecânica.
Ainda no século XVIII John Hunter (1728-1793) reuniu todas as observações sobre a estrutura e a potência dos músculos, porém uma coisa que ainda intrigava os estudiosos era quanto ao estímulo da contração muscular, o que foi desvendado por Guillaume Benjamin Amand Duchenne (1806-1875) em sua obra physiologie des mouvements, onde descrevia a resposta muscular como produto de uma estimulação elétrica; foi neste período que a cinesiologia começou a ter uma relação mais próxima com a fisiologia, uma vez que foi com o estudo da eletricidade animal que o mundo fisiológico passou a apresentar maior interesse pelo movimento humano e os músculos que o geravam. Esta correlação cinesiologia-fisiologia dura até os dias atuais e contribui amplamente para o desenvolvimento de ambas as disciplinas.
Os primeiros anos do século XX contribuíram ainda mais para estreitar a relação entre a cinesiologia e a fisiologia. Wilhelm Roux (1850-1924) desenvolveu estudos afirmando que a hipertrofia muscular evolui em um grau maior quanto mais o músculo for forçado a trabalhar, enquanto que John Hughlings Jackson (1834-1911) estabeleceu a relação do movimento muscular com o cérebro, e mais especificamente com o córtex motor. Esta relação sistema muscular-sistema nervoso serviu como base para que Henry Pickering Bowditch (1814-1911) demonstrasse o princípio da contração do "tudo ou nada", o qual foi de fundamental importância para a compreensão dos eventos cinéticos do corpo humano (RASCH & BURKE, 1977).
Mais recentemente a cinesiologia passou a apresentar ume relação com outra disciplina que estuda o ser humano: a psicologia. Nesta relação o interesse de ambas é quanto ao estudo das reciprocidades do movimento humano considerando fatores como a motivação, a comunicação cultural, a personalidade, a socialização, a criatividade, a expressão estética etc. Com este estudo busca-se dotar o movimento humano de um significado próprio que o represente perante uma sociedade ou cultura, e que ligue o homem ao mundo que o rodeia (ambiente).
O leitor mais atento pode estar se perguntando sobre a relação cinesiologia-anatomia que não apareceu no presente texto. Na verdade tal relação apareceu, porém, de forma implícita, uma vez que quando citamos elementos como os músculos, fibras nervosas, cérebro, córtex motor etc., e os relacionamos com o movimento humano propriamente dito, estamos fazendo uma relação entre alguns componentes do organismo humano e os movimentos por eles proporcionados, o que nada mais é do que esta relação cinesiologia-anatomia existente. Através destas relações da cinesiologia com outras disciplinas é que nós buscamos mostrar a sua evolução desde a sua origem até os estudos mais recentes, buscando sempre destacar alguns autores que construíram esta história ao longo do tempo e que contribuíram com uma parcela significativa para o desenvolvimento desta ciência do movimento humano.
O leitor mais atento pode estar se perguntando sobre a relação cinesiologia-anatomia que não apareceu no presente texto. Na verdade tal relação apareceu, porém, de forma implícita, uma vez que quando citamos elementos como os músculos, fibras nervosas, cérebro, córtex motor etc., e os relacionamos com o movimento humano propriamente dito, estamos fazendo uma relação entre alguns componentes do organismo humano e os movimentos por eles proporcionados, o que nada mais é do que esta relação cinesiologia-anatomia existente. Através destas relações da cinesiologia com outras disciplinas é que nós buscamos mostrar a sua evolução desde a sua origem até os estudos mais recentes, buscando sempre destacar alguns autores que construíram esta história ao longo do tempo e que contribuíram com uma parcela significativa para o desenvolvimento desta ciência do movimento humano.
Referências bibliográficas
1) LEHMKUHL, Don L., SMITH Laura K. Cinesiologia clínica.4ed. São Paulo: Manole, 1987. 466p.
2) RASCH, Philip J., BURKE, Roger K. Cinesiologia e anatomia aplicada.
1) LEHMKUHL, Don L., SMITH Laura K. Cinesiologia clínica.4ed. São Paulo: Manole, 1987. 466p.
2) RASCH, Philip J., BURKE, Roger K. Cinesiologia e anatomia aplicada.
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